A
data foi estabelecida há 124 anos pela Segunda Internacional Socialista, em
congresso realizado em Paris e que reuniu os principais partidos socialistas e
sindicatos de toda Europa e do mundo. Ao escolher o dia 1º de Maio como Dia do
Trabalhador e da Trabalhadora os participantes prestaram homenagem aos
operários dos Estados Unidos que três anos antes, organizaram uma grande
jornada de luta por melhores condições de vida e de trabalho. Foram mais de 1,
5 mil greves em todo país. As greves de 1886 tinha como centro da pauta a
redução da jornada de 14 para 8 horas diárias. Depois de dois dias de
manifestações seis operários foram mortos. Com a continuidade da greve, a
repressão aumentou e dezenas de trabalhadores foram mortos, milhares presos e
sindicatos incendiados. Essa jornada de lutas resultou além das dezenas de
trabalhadores mortos, em oito dirigentes sindicais condenados, cinco deles a forca,
dois a prisão perpétua e um a 15 anos de prisão.
A
homenagem feita pela Segunda Internacional Socialista a estes trabalhadores,
foi à convocação da classe trabalhadora do mundo para uma greve geral no 1º de
maio em 1890, o que se tornou uma tradição no movimento operário internacional
de luta desde então. Os significados e as grandes manifestações a cada ano
conferiu grandes avanços para classe trabalhadora do mundo e o estabelecimento
no calendário cristão como feriado mundial.
Hoje
os trabalhadores e as trabalhadoras pelo mundo continuam relembrando e
celebrando esta data como muitas manifestações e greves. Com o agravamento da
crise capitalista iniciada em 2008, principalmente na Europa, sem dúvidas o 1º
de Maio de 2013 vai ter muita luta no velho continente. As grandes
manifestações da primeira quinzena de abril na Espanha já são um indício de que
as greves e as mobilizações deste ano serão fortes.
Com boa parcela da juventude desempregada, redução do valor das aposentadorias
e de salários e das conquistas sociais e o estado de bem estar social cada vez
encolhendo mais, a classe trabalhadora e seus filhos no velho continente se vê
pagando por uma crise sem precedentes e que ela não causou. Com sua tradição de
luta, apoios da CSI e centrais sindicais combativas pelo mundo o 1º de maio
europeu de 2013, definitivamente, não será mais um!
No
Brasil como na América Latina é verdade que a crise chegou e tem se comportado
com menor intensidade que nos EUA e na Europa. Os nossos velhos problemas de
concentração de renda, desigualdades socais, miséria e fome continuam. Aqui
ainda reina um capitalismo selvagem que usa trabalho escravo e o trabalho
infantil e que somente agora as trabalhadoras domésticas estão prestes à
equiparação de direitos aos demais trabalhadores.
A
massa de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil tem uma jornada extenuante de
trabalho, chegando a 15 horas diárias em algumas capitais, somando tempo de
deslocamento de casa para o trabalho. Além das condições precárias, vide número
de acidentes, terceirização ainda convivemos com o fantasma da demissão sem
justa causa, do assédio moral e sexual.
Por
isto tudo que o 1º de Maio é dia de luta e celebrações, não de mega-show e
sorteio de dezenas de carros pagos com o dinheiro do patrão. Isto é coisa de
pelego! Isto é enganar e esconder a história da classe trabalhadora! Só é
possível reduzir jornada e garantir o fim do fator previdenciário se tiver
manifestações, lutas e greves!
Temos
também aqui no Brasil nesse 1º de Maio de 2013 motivos de sobra para lutar,
fazer manifestações e greves. A presidente Dilma Rousseff até agora não deu
nenhuma satisfação a respeito da pauta entregue pela CUT e demais centrais
sindicais na grande marcha ocorrida, em Brasília, dia 6 de março. A pauta é
perfeitamente possível de ser atendida mas, ou a classe trabalhadora vai à luta
para pressionar o governo Dilma, os governos estaduais e os patrões para
atender os 11 itens reivindicados ou, não tem concessão, bondade ou atendimento
para os trabalhadores.
A
história nos mostra que sem sangue suor e lagrimas não tem conquistas, não tem
vitórias para os trabalhadores!
É
uma pauta boa para o país com a valorização do trabalho e do trabalhador:
redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salário, fim do fator
previdenciário, reforma agrária, igualdade de oportunidades entre homens e
mulheres, valorização dos aposentados, aplicação de 10% do PIB para a educação,
aplicação de 10% do Orçamento da União para a saúde, correção da tabela do
imposto de renda, ratificação da Convenção 158 da OIT que impede a demissão
imotivada, regulamentação da Convenção 151 que estabelece a negociação coletiva
no serviço público e ampliação dos investimentos públicos.
A
resolução da última reunião da direção executiva nacional da CUT, realizada em
25 de abril, na cidade de São Paulo, preparatória do 1º de maio em todo país,
aponta para mobilizações e lutas. Não tem negociação, nem atendimento da pauta,
sem luta, sem mobilizar e sem fazer greve, já ensinava os nossos companheiros e
companheiras que tombaram nas greves e lutas de 1886. A conquista deles é
perene. Está aí até hoje.
Vamos
à luta!
*Expedito Solaney é secretário Nacional de Políticas Sociais
da CUT-Brasil
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