Por Adriele Manjabosco e Patrick Araújo
De 28 a 30 de novembro, nas cidades de Contagem e Belo Horizonte, em
Minas Gerais, ocorreu o 40º Congresso da União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas (UBES). Com cerca de quatro mil participantes, entre
delegados e observadores. Mesmo sendo um dos maiores realizados ao longo
dos últimos anos, o congresso esteve muito aquém das expectativas.
Afinal, após a extinção das etapas estaduais, o chamado funil, no último
Conselho Nacional de Entidades Gerais e o anuncio de mais de 12 mil
estudantes inscritos, a realidade demonstrou que o potencial real de
mobilização da entidade está extremamente rebaixado.
Apesar da programação definida e divulgada para três dias, a direção
da entidade a modificou no primeiro dia, reduzindo todo o espaço para
apenas dois dias e alterando o conteúdo. As modificações e a realização
dos debates apenas em um dia foram extremamente prejudiciais. Os
estudantes que viajaram dias para chegar até o congresso foram
violentamente desrespeitados pela atitude da direção, que demonstrou sua
total falta de compromisso com o debate de ideias e com o exercício
democrático.
Foram nestas circunstâncias que as delegadas e os delegados
credenciados tiveram que decidir os rumos da UBES para os próximos dois
anos.
Reconquistar a UBES – Há dois congressos que a Articulação de Esquerda não participava do ConUBES, fato que dificultou a intervenção nacionalizada no movimento estudantil secundarista no período de 2009 a 2013. Todavia, a decisão de retomar esta organização a partir desta edição nos revelou o grande potencial que tem as formulações de educação e de juventude construídas por tanto tempo neste setor dos estudantes.
Com a tese de oposição “Reconquistar a UBES”, chegamos ao ConUBES com
mais de 80 estudantes de escolas públicas e privadas, Intitutos
Federais e cursos técnicos, entre esses, 27 delegadas e delegados. Todos
com a tarefa de construir coletivamente a intervenção política que
faríamos.
Esta construção resultou na formulação de três resoluções, sendo
estas de educação, conjuntura e movimento estudantil. Todas elaboradas
inteiramente pelos estudantes secundaristas que se dispuseram a assumir a
responsabilidade. E, para além de apenas escrever, as companheiras e os
companheiros defenderam com afinco para todo o Congresso as resoluções
assinadas apenas pela Reconquistar a UBES, bem como a resolução de
movimento estudantil que recebeu apoio do Movimento Mudança e da
Esquerda Popular e Socialista.
A grande expectativa deste congresso era a construção de uma chapa
petista que pautasse a democratização da UBES. A construção desta chapa
não apenas era necessária como fundamental, tanto para unificar a
juventude do PT, como para dar uma resposta petista a todos os
estudantes insatisfeitos com os rumos que a entidade vem tomando, nos
últimos 20 anos, sendo dirigida pela UJS/PCdoB. A consolidação de uma
oposição petista era uma vontade da militância que infelizmente foi
reprimida pela lógica da disputa ‘carguista’ tão priorizada pelas
direções das forças que compõe a entidade.
Perdemos uma oportunidade histórica de unificar a JPT no movimento
secundarista e recolocar a juventude do PT como uma alternativa real de
direção para a UBES. Se nossos companheiros de partido não priorizarem a
construção política e o diálogo com a militância, a tendência é a
Juventude do PT no movimento estudantil ficar cada vez mais encastela
nas asas daqueles que hoje hegemonizam a entidade.
Nós, que construímos a tese Reconquistar a UBES, que preferimos uma
boa disputa ao um mau acordo, acreditamos que o movimento estudantil
assim como suas entidades não podem ser conduzidos como uma mesa de
negócios. Nisso, mostramos que temos política para construir na entidade
e, com sangue puro, defendemos a nossa tese, pautando uma UBES
democrática e combativa, que esteja à altura dos desafios colocados na
sociedade e na educação brasileira, como a democratização dos meios de
comunicação, a reforma política, a aprovação do Plano Nacional de
Educação e a Reforma no Ensino Médio.
De volta à UBES – O resultado do esforço feito se traduziu de
diversas maneiras. A votação obtida já seria uma demonstração do acerto
político nas definições para o Congresso. Foram 36 votos para a Chapa
Reconquistar a UBES, votação que nos coloca na Direção Nacional da UBES.
Um resultado alcançado pelo voto daqueles e daquelas que estiveram
conosco todo o tempo e também pela aprovação de estudantes que escutaram
o que dissemos, leram o que escrevemos e concordaram com o que
apresentamos.
Estamos de volta à direção da UBES, defendendo a democratização da
entidade; a retomada do seu protagonismo nas lutas dos estudantes
secundaristas; a sua presença real na organização dos grêmios, das
entidades municipais e estaduais; e no trabalho de base que
instrumentalize os estudantes no combate a todas as formas de opressão.
Voltar à direção da UBES é uma vitória que comemoramos muito, pois
temos certeza do quanto podemos contribuir com a transformação dos rumos
da entidade. Esta conquista é de todos e todas estudantes que ousaram
estar defendendo aquilo que acreditamos. Daqueles que sonham e acreditam
que é possível mudar a realidade, de transformar sua escola, de
revolucionar o modelo de educação e de construir uma outra sociedade. É
esta ousadia que nos impulsiona, pois sabemos que o ConUBES foi apenas
um primeiro passo. Agora vamos ocupar as escolas e construir uma UBES
cada vez mais forte, mais próxima dos estudantes, combativa e de luta.
*Adriele Manjabosco é vice-presidenta da UNE
* Patrick Araújo é diretor de assistência estudantil da UNE
* Patrick Araújo é diretor de assistência estudantil da UNE
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